quinta-feira, 4 de junho de 2009

O APELIDO



O Apelido

Quando fiz dezesseis anos, achei que já estava na hora de arrumar um namorado. Todas as minhas amigas já estavam namorando e eu não queria segurar vela. Embora papai achasse que eu era nova ainda, eu achava que estava na idade certa e da razão. Um belo dia, numa festinha na casa de amigas, fiquei conhecendo o José. José mesmo! Era bonitinho, sabia dançar, sabia conversar e tal como eu era estudante. Achei que daria um bom namorado.


Uma semana depois estava eu toda feliz com um namorado, indo a festinhas aqui, cinemas ali, passeios pra cá, colégio pra lá e tudo corria às mil maravilhas, pois até meu pai depois de conhecer o menino se encantou pelo mocinho. Mas nosso namoro continuou legal até eu descobrir seu apelido: –Juquinha! De cara eu detestei. Porque Juquinha? Fosse Zé ou Zequinha, vá lá, mas Juquinha... jamais! Me parecia tão caipira...


Comecei a implicar com o garoto na esperança de que ele se interessasse por outra garota e esquecesse que eu existia. Vã esperança. Não havia jeito. Por mais que eu deliberadamente faltasse aos encontros, por mais que eu implicasse com suas roupas e seu cabelo, ele não arredava o pé. E eu, via o tempo passando e o Juquinha cada vez mais grudado em mim. Namorado é isso! Pensei comigo que em breve ele ia servir o exército e então eu poderia terminar o namoro pois geralmente naquela época os meninos da classe média, iam servir no Rio de Janeiro. Mas quê! Ledo engano, para azar meu ele foi dispensado. E eu cada vez mais chateada e ele cada vez mais enamorado.


Nesta época eu já estava de olho num certo Antonio que morava no outro bairro. Enfim, que seria de nossa juventude se tivéssemos só um namorado? Seria como provar só um doce até ficar enjoativo. Para aumentar mais ainda a minha insatisfação, minha mãe dizia que o Juquinha era baixinho. Já pensaram? Juquinha e baixinho! A esperança de que ele se esticasse no quartel já não existia e eu, pobre de mim, já sou baixinha. Ficava imaginando que se acaso casasse com ele, nossos filhos seriam anões. Nada contra, mas dois baixinhos não dá pé. Naquela semana terminei o namoro. Pobre Juquinha, julguei ver lágrimas em seus olhos, mas que fazer, era eu ou ele.


Um mês depois, estava de namorado novo, nada mais e nada menos, que o certo Antonio do bairro vizinho. Alto, magro e brincalhão. Mas nosso namoro só durou até eu descobrir seu apelido. Querem saber? Eu não conto, é outra história...


Doroni Hilgenberg

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